terça-feira, 23 de outubro de 2018

Uma crise de cultura no Brasil



Uma crise de cultura no Brasil


A consciência cidadã reconhece a gravidade do atual momento vivido pelo Brasil. Não se trata de alarmismo ou pessimismo, mas oportunidade para uma atitude: é preciso que cada um assuma a corresponsabilidade na busca por soluções para os muitos problemas que o país enfrenta.

A gravidade deste atual momento político, econômico e social aponta para a necessidade de investir na formação de um novo tecido cultural capaz de fazer surgir um tempo diferente, marcado pela superação das crises terríveis que prejudicam, principalmente, os mais pobres. Nesse sentido, fundamental é compreender que não basta, embora seja importante, avançar na configuração formal e legislativa das reformas.

Os processos que norteiam as necessárias mudanças têm significativa influência para que as transformações garantam mais justiça. Por isso mesmo, todos devem acompanhar, debater e contribuir com a efetivação das reformas. Porém, ainda mais determinante é compreender a importância da cultura e a necessidade de investir na sua renovação.

Cultura


Cultura refere-se ao conjunto de hábitos e modos de agir no cotidiano. Posturas que revelam como determinada civilização estabelece relações e, consequentemente, exerce a representatividade política, respeitando ou não o bem comum. Assim, é preciso perceber que para a sociedade brasileira não é suficiente promover mudanças apenas na dimensão normativa. É preciso despertar o apreço pelo respeito ao outro e, a partir disso, conquistar um patamar civilizatório balizado por valores inegociáveis, fundamentados no bem e na justiça.

O tecido cultural da sociedade brasileira está corroído e, por isso mesmo, o país convive com a corrupção endêmica. Consequentemente, há um consenso sobre a falta de credibilidade da esfera política – os políticos são considerados cidadãos em quem não se pode acreditar. Ao mesmo tempo, perde-se o sentido de solidariedade.

Percebe-se a falta de sensibilidade social, a indisponibilidade para partilhar o que se tem, apoiando projetos sociais e outras iniciativas capazes de promover o desenvolvimento de toda a sociedade. Ao se comparar com outras culturas, em um ranking de sociedades solidárias, os cidadãos brasileiros deveriam ficar com os brios mexidos. Esse é o contexto que causa apreensões em razão da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual passa o país.

Participação da sociedade


Apenas ignorar os políticos, sem acompanhar, atentamente e de modo participativo, o que fazem os representantes do povo, é passo rumo à bagunça geral, que leva a irreversíveis prejuízos. A economia, dependente da política, continuará impactando negativamente na vida da população, pois prevalecerá a primazia do mercado ao bem-estar das pessoas, a prevalência do capital sobre o trabalho.

A raiz das muitas crises vividas tem caráter antropológico ao negar a prioridade do ser humano. Percebe-se que o Estado não pode ser jamais submetido ao mercado. Submisso à “lógica financista”, que é intrinsecamente perversa, o Estado se enfraquece e deixa de cumprir seus deveres. Sempre oportuno é recordar o que diz o Papa Francisco: o dinheiro é para servir e não para governar.

O importante processo de reconstrução do Brasil tem no diálogo amplo, com a participação de todos, efetivo exercício da cidadania, o seu ponto de partida e referência para o seu equilíbrio. É, especialmente, vetor que impulsiona a civilização rumo à conquista de um novo tecido cultural, capaz de sustentar as transformações necessárias.

Portanto, à medida que se aproxima o turno decisivo das eleições presidenciais, o clima de polarização no cenário da política brasileira, tem acentuado e atingindo instituições das mais diversas no País. Nos últimos dias, principalmente nos meios universitários, flagraram-se atos de patrulhamento ideológico e intolerância explícita, que não condizem com a tradição de liberdade e pluralidade característica de ambiente acadêmico.

Dai, Universidade Estadual do Ceará -Uece divulgou nota pública “em defesa da democracia”, posicionando-se “contra a violência, a opressão e todas as formas de preconceito e discriminação”, justificando seu posicionamento em meio ao atual momento político do País, afirmando “iminente possibilidade de um profundo retrocesso social, político e econômico”.

Confira nota da Uece na sua íntegra:

A Reitoria da Universidade Estadual do Ceará consciente do papel crucial que esta universidade desempenha na sociedade e considerando a importância histórica do atual momento de nosso país, vem tornar público o seu compromisso com a democracia brasileira, diante da iminente possibilidade de um profundo retrocesso social, político e econômico. Nesse sentido, manifesta o seu apoio a defesa do Estado Democrático de Direito e, portanto, de todos os direitos assegurados em nossa Constituição.

Vivencia-se um regime democrático quando, de fato, respeitam-se a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a cidadania, o pluralismo de ideias e de opiniões, tendo em vista a efetivação de todos os direitos e garantias fundamentais.

Estamos sendo convocados a nos posicionar contra a violência, a opressão e todas as formas de preconceito e discriminação; e a combater a intolerância, o embrutecimento humano e a desvalorização da vida. Que possamos nos engajar coletivamente em prol da redução das desigualdades, da defesa dos bens e serviços públicos, da proteção das conquistas sociais e trabalhistas e, sobretudo, da garantia da educação pública de qualidade.

Não vamos nos calar frente aos avanços das mais diversas formas de manifestação que afrontam a democracia, inclusive a assustadora disseminação do ódio contra pessoas em razão das suas diferenças sociais, de gênero, étnico-raciais e ideológicas.

Não vamos fechar os olhos para as mortes, torturas e censuras provocadas pelo autoritarismo que marcou o nosso recente passado ditatorial.

Não vamos nos omitir quando direitos tão duramente conquistados estão sob grave ameaça.

Por isso, conclamamos toda a comunidade universitária a não se calar, a não fechar os olhos, a não se omitir, a defender a democracia.

José Jackson Coelho Sampaio

Reitor da Uece

Hidelbrando dos Santos Soares

Vice-Reitor da Uece



Então pergunta-se: O que está acontecendo com o Brasil?


A resposta é a perplexidade do povo diante dos agentes públicos e privados que desconsideram a ética e negociam princípios morais.

As consequências são as práticas e hábitos que agravam a situação do país, já tão preocupante. O caminho para a regeneração é a retomada da ética como condição indispensável. Somente por essa via, o Brasil poderá reconstruir o seu tecido social.

A gravidade do momento nacional é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, pois crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os poderes da República, que se distanciam das justas aspirações de boa parte da população. Assim, as reformas e, especialmente, a Reforma Política, devem se configurar em oportunidade para a recomposição do tecido cultural do Brasil. Nesse sentido, não se pode acirrar a indiferença com a política.

DAI, DOA EM QUEM DOER.

                                                                          Vitório Boa Ventura (Black White)

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Um comentário:

  1. Dia 28 de outubro voltaremos novamente as urnas, agora para eleger o futuro do Brasil. Esperamos que o povo brasileiro saiba escolher aquele que melhor possa trazer um futuro de paz, prosperidade, dignidade e HONESTIDADE.

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